quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Acho que todo mundo se sente assim.. a Cyn, blog que acompanho antes de vir para cá e com uma história aqui que me cativou e me faz ler sempre seu blog escreveu exatamente como "quase todos nós que vivemos fora de casa" nos sentimos...independente de quantos anos você fique aqui, você muda..


"12 de Janeiro de 2004. Um frio de rachar em New York e o dia de minha chegada. No dia seguinte os noticiarios diziam que a tempestade da noite anterior fora a pior dos últimos 100 anos. Sei não, mas era o que diziam, e eu só pensava…mas que recepção! Peguei a minha primeira ‘strep throat’ logo no dia seguinte e me senti sozinha pela primeira vez precisando um colo de mãe. Depois de alguns dias me mando pra Maryland para conhecer a minha Host family e a garotinha que iria ganhar o meu coração.
2004 foi um dos anos mais emocionantes da minha vida. Junto com 2001 - quando morei em Vancouver - posso dizer que aproveitei ao máximo cada minuto. Daqueles de ir fundo e quase não medir consequências. Aprendi de novo a me virar sozinha numa terra que não sou nativa, descobri uma outra pessoa em mim mesma - que sim, tem um certo grau de paciência, relembrei centenas de vezes que essa liberdade e ânsia de conhecer o novo tem seu preço…a distância da família, dos amigos mais queridos, do comum e do conhecido.
Viver num país estrangeiro é em si só uma eventura. Nos primeiros meses tudo é uma descoberta, mesmo que já se tenha morado ‘for a’antes, afinal, cada país tem suas regras e dramas. Até atravesar a rua se torna uma tarefa árdua… começar a dirigir, assistir televisão, fazer compras no supermercado, tudo é novidade e diferente. Você começa a comparar tudo, tintin por tintin. Como o povo daqui vive e reage às coisas…o jeito como fazemos tudo no nosso mundinho distante.
Na mente pequena de qualquer um acostumado à um certo hábito, as comparações são infinitas diante da grande multidão que então passamos a conviver:
- Eles não almoçam, só comem um lanche...que coisa!
- Eles dormem ce-do! Ligar para alguém depois das 9 noite, há não ser que seja seu amigo intimo, é pura falta de respeito;
- A maioria não cozinha tudo do scratch (natural)…tudo já vem metade preparado…;
- Muita, mas muita gente vai à Igreja aos Domingos;
- Qualé desse tal de Super Bowl?
- Mas que povo mimado…só sabem dirigir carro automático;
- Visitar alguém sem ser convidado, também é falta de respeito…
- Como tudo é barato…can’t get enough of buying all these eletronics!
- Tomar uma cervejinha na rua…nem pensar! Como é que esse povo se diverte se todo bar fecha no máximo às 2 da manhã?! Que horror, eu hein…
- Se marcar alguma coisa para as 10...significa 10! Não 10:05, 10:15, 10:20.
- E que coisa...todo fast food tem dolar menu! Esse monte de guloseimas por 1 dolar...não é a toa que são todos uns gordos!
E o tempo vai passando, e as grandes diferenças vão diminuindo e começam a até fazer sentido. Não é que vc começa a viver a vida - nesse caso - do Americano, mas simplesmente a realidade de estar neste determinado país.
Um dia você volta pro Brasil e começa a notar e ficar alarmado com coisas que antes eram parte do dia-a-dia e que agora se tornam um absurdo…
- Mas como tem feriado no Brasil! Ninguém trabalha nessa terra?
- Porque esse povo fica esperando até 11, meia noite pra ir pra ’balada’ e não saem antes e aproveitam mais?! Parece aquela espera de quem espera mais só pra não ser o primeiro. Não é a toa que tudo só acaba as 5 da matina;
- Porque ninguém usa car seat para as crianças (aqueles que tem e fazem questão de não usar), e alguns nem usam o cinto de segurança? É porque a policia não pega ou estupidez mesmo?;
- Como todo mundo consegue dormir tão tarde e ainda ‘funcionar’no dia seguinte?
- Mas a novela das 8 continua mesmo sendo a febre nacional;
- E essa violência…que coisa…;
- E porque todo mundo dirige como se o mundo fosse acabar hoje?
- Será que não existe um ser que consiga ser pontual? Mas que falta de respeito!
- Uma coisa não muda…o São Paulo Futebol clube continua sendo o…The Best!
As coisas são assim mesmo…nós evoluimos socialmente e aprendemos a viver em outra cultura e fazemos dela, até certo ponto, a nossa. Essa história poderia ser totalmente vice-versa…alguém ir para o Brasil e adotar o nosso famoso ’jeitinho’. Hoje em dia digo que estou americanizada, no sentido de me sentir confortavel vivendo o dia a dia. O Ingles está ótimo….já nem noto quando falo ou escuto um ou o outro.
Claro, como digo sempre, a única verdade que continuo acreditando depois de tantos anos aqui é que… não existe nação no mundo que seja perfeita…o Brasil não é muito menos os Estados Unidos. O melhor do cotidiano quem faz é cada um de nós.
Continuo tendo os meus altos e baixos por aqui… mas o que mais dá saudade são as coisas simples… a família, os amigos, a churrasco com uma cervejinha, a praia, Janeiro com calor. Pessoas queridas são as que sempre farão mais falta…o resto, it’s a piece of cake".

2 comentários:

Patty au pair 2008 disse...

Olaaaaaaaa!!

Ameii seu post! Completei um ano de au pair mes passado e Jesus!! Da para montar uma biblia com tanta coisa para contar....analisar...comparar com o Brasil e etc!!

Adorei essa frase: Como tudo é barato…can’t get enough of buying all these eletronics! KKKKKKKKKK

Ate mais! Adorei mesmo o post!! Bjusssssssss

Nani disse...

Gi, tudo na vida é uma questão de ponto de vista né? e na vida a gente aprende, cresce, amadurece, aprender a enxergar outros pontos e vai se construindo...

Parabéns por ser essa menina que com garra está vencendo e tendo um ano maravilhoso ai!

Bjao!